BIGOpinião(JoãoFerreira)

JOÃO FERREIRA*
TACHOS&NEGOCIATAS
Mais um político (ex-ministro na Saúde) foi acusado de crimes na área financeira (burlas,falsificações, etc). Começa a ser um denominador comum a vários processos de criminalidade económica a presença de arguidos que se movimentam ou na área do PS ou do PSD, os dois partidos que governaram o País nas últimas quatro décadas. O que nos faz lembrar aquela frase célebre de Montesquieu: “O poder corrompe e o poder absoluto corrompe ainda mais”, ou a de Eça de Queirós: “Os políticos e as fraldas dos bebés devem ser mudados frequentemente, e pelas mesmas razões”. A título de exemplo, veja-se quantos processos ditos “mediáticos” envolvem actuações menos sérias de políticos: “Freeport”, “Face Oculta”, “Operação Furacão”, “BPN”, etc. No processo “Face Oculta” chegou- se ao cúmulo de um ex-Presidente ir declarar que era “normal receberem-se ofertas”. Claro! Eu, por exemplo, não me importava de ser administrador de um organismo público, e receber de um sucateiro a oferta de um Mercedes. Se alguém que era suposto ser um exemplo de “ética republicana”acha “normal” este tipo de “ofertas”, então precisamos do que, na Itália dos anos 70 se chamou “Operação Mãos Limpas”, uma investigação policial de corrupção em que dezenas de deputados, gestores de empresas públicas e governantes foram parar à cadeia. O desencanto dos cidadãos pela política radica-se no enriquecimento rápido dos políticos,e na impunidade com que estes delapidam o erário público. E a diferença de políticas de governação entre uns e outros não é nenhuma, pelo que uma das medidas de “poupança” impostas pela “troika”poderia ter sido, simplesmente, a fusão dos dois maiores partidos num só, que poderia chamar-se “Partido do Tacho”. Por causa destes conceitos de “ética republicana” é que, depois do golpe militar de 1928, tiveram de ir buscar um governante honesto a Santa Comba Dão…
*ADVOGADO

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