A Polícia espanhola prendeu esta manhã, em Barcelona, o principal líder de uma organização internacional dedicada ao tráfico de imigrantes paquistaneses para a Europa, que recorria a mulheres portuguesas para casamentos por conveniência, que eram celebrados na Dinamarca.
As investigações revelaram, ainda, que esta organização
exercia, paralelamente, outra actividade ilegal, cujo “modus operandi”
consistia na captação de cidadãos portugueses que viajavam para França, onde
permaneciam alguns dias, por forma a que fossem abertas contas bancárias com
importantes somas em dinheiro. Coordenado por um membro da organização, a
partir do Reino Unido, este esquema visava ganhar a confiança das instituições
bancárias para, posteriormente, serem solicitados créditos, que nunca eram
pagos.
A rede começou a ser desmantelada em finais do ano passado,
no decurso de uma operação conjunta das polícias de emigração portuguesa,
francesa e inglesa, que culminaram na prisão de 25 membros da organização.
Em Portugal participaram na operação agentes da polícia do
Reino Unido e França, bem como analistas de informação da Europol. Ao mesmo
tempo estiveram elementos do SEF nesses países integrando a operação, para além
de marcarem presença no centro de coordenação Eurojust/Europol, em Haia, que
suportou por orçamento próprio da União Europeia todos os encargos da
investigação.
O grupo criminoso recrutava homens e mulheres portugueses em
situação económica precária para contraírem casamentos de conveniência em
vários países do Espaço Europeu, nomeadamente em Espanha, França, Suécia, Reino
Unido, Dinamarca e Alemanha, permitindo desta forma que cidadãos paquistaneses
pudessem obter autorizações de residência.
Extremamente bem organizada, esta organização cobrava
elevadas quantias aos imigrantes ilegais e, para além dos casamentos de
conveniência e do auxílio à imigração ilegal, também comprava documentos de
identificação portugueses, nomeadamente passaportes, bilhetes de identidades,
cartões do cidadão e cartas de condução, que depois falsificava e vendia.
No nosso País, a operação desenrolou-se em Lisboa e na Margem
Sul do Tejo, e culminou na detenção de sete suspeitos e na apreensão de
documentação, computadores, telemóveis, para além de 1,5 quilos de haxixe que
estava numa das residências.